Entre os dias 13 de abril e 18 de maio de 2021, a Refresco realiza a exposição individual “Longe do Fato”, do artista carioca Daniel Frickmann. A mostra reúne 10 pinturas em tinta acrílica que traduzem uma longa pesquisa do artista em relação à imagem e fragmentação, amplamente direcionada a retratar acidentes automobilísticos. Frickmann desenvolve […]
Entre os dias 13 de abril e 18 de maio de 2021, a Refresco realiza a exposição individual “Longe do Fato”, do artista carioca Daniel Frickmann. A mostra reúne 10 pinturas em tinta acrílica que traduzem uma longa pesquisa do artista em relação à imagem e fragmentação, amplamente direcionada a retratar acidentes automobilísticos. Frickmann desenvolve um processo que pode ser caracterizado como uma abstração de segunda ordem. As imagens são figurativas, mas o teor abstrato da pintura parte das próprias formas retorcidas e carbonizadas dos metais dos automóveis.
A série promove questionamentos não apenas sobre a natureza da imagem pictórica, mas também sobre uma realidade brasileira: a violência nas estradas. Do encontro entre o estudo da forma e a denúncia do conteúdo da imagem, Frickmann confere um motivo radicalmente novo a um gênero tão singelo da arte brasileira quanto a pintura de paisagem. O bucolismo do automóvel retorcido e estático, tal qual uma escultura, após o acidente, gera uma tensão inerente à violência representada.
A pesquisa para a exposição data desde meados de 2014, quando Frickmann caminha com cadernos de bolso para desenhos. Ele se interessa por cenas que encontra em ferro-velhos do Rio de Janeiro, até compreender que o episódio de um acidente automobilístico reúne melhor as condições estéticas que procura. A partir daí, inicia uma pesquisa em portais de notícias brasileiros que veiculam acidentes rodoviários, extraindo os primeiros modelos para a pintura em acrílica. As primeiras obras são batizadas com o nome das cidades onde os acidentes ocorrem. “Longe do Fato” constitui um esforço de distanciamento: as obras reproduzem um sentido de indiferença à vida ao denunciar a letalidade das estradas brasileiras, banalizadas nos jornais, por meio de uma apreciação estética de um fato grave, mas, para o espectador, distante.